sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Futebol fora de hora


Onde trabalho as pessoas amam futebol. São 5 flamenguistas, um botafoguense e um pó-de-arroz falando o dia inteiro de futebol. E, por causa deles, acabei lendo duas frases esta semana que me marcaram muito, ambas relativas ao São Paulo.

A primeira, de uma delicadeza total, é de autoria de um são-paulino num chat com vários outros torcedores: "Campeonato Brasileiro é que nem piru: sobe, desce, vai prum lado, vai pro outro, mas sempre acaba na mão do São Paulo!"

Depois não entendem pq chamam eles de "bambis".

A segunda é do Tutty Vasques:
"Da economista Maria da Conceição Tavares, tentando explicar o que o colega que preside o Palmeiras quis dizer com “vamos matar os bambis”: “O Belluzzo sempre foi um heterodoxo convicto e radical!”

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

sobre pipoca, milho e fogo

Uma amiga de dança do ventre publicou no fotolog dela um texto lindíssimo que vale a pena ler, por sua simplicidade e pertinência!
“Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também. Imagino que a pobre pipoca fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém”

Rubem Alves

Pois é. Isso me lembrou aquele outro texto que não sei o autor: "O que a lagarta chama de fim do mundo, o mestre chama de borboleta". Vamos mudar, para não ficar por aí milho encruado ou lagarta rastejando

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sobre monstros e monstros



Poizé. Alyne casou e mudou-se, o Phillip deu um tempo na Linden Lab e foi cuidar da vida (real), e eu, Lucrecia Slade, jornalista e produtora de estilo (nunca de moda, pq moda é pra quem não sabe se vestir e segue a manada acéfala), fui pra um lugar chamado Ethergia. Ethergia é um mundo onde incontáveis séculos de abuso de poder e magia o transformaram num continente de horror, de monstros e sobreviventes de guerras por poder político.

Peraí, Lucrecia enlouqueceu? Não, na verdade trata-se de um game MMORPG chamado Requiem: Memento Mori, que atualmente jogo na companhia de Weber Yiyuan, meu marido em Second Life. Mas o que diabos estou fazendo lá, me digam????

Na verdade, cansei um pouco do SL. Mais verdade ainda, cansei dos dramas sem sentido do SL, das pessoas sem sentido do SL, das políticas sem sentido da Linden Lab. Da falta de respeito, da falta de classe, da falta de inteligência, HUMOR e cultura. Em resumo: da falta de estilo. E estes poucos meses matando monstrinhos e que tais me deram um distanciamento perfeito para ter um olhar mais claro sobre o Second Life  e suas implicações como mundo virtual.

Não vamos discorrer sobre as diferenças óbvias do SL em relação aos massive multiplayer online games, mas vamos tocar em algumas dessas diferenças pra ver como a Linden é de uma burrice e incompetência administrativas das mais rasteiras -- coisa que os outros mundos virtuais como World of Warcraft, Eve, Star Wars Online, LOTR Online e por aí vai, sofrem pouco em comparação.

Em primeiro lugar, é um game. Sim, isso significa regras, limitações, vantagens, poderes, metas, prêmios e lados muito bem definidos -- eu sou uma heroína (uma elfa nanica com grandes poderes de magia e zero muque e que com meia bifa na cara cai dura, com a boca cheia de formiga). Nasci no CU do mundo e tenho de evoluir mais e mais para, na batalha final, vencer os poderes do mal. No meio do caminho ganho dinheiro virtual executando missões e matando criaturas malignas que assolam o mundo e ameaçam inocentes civis.

Lindo não? Mas é simples, assustadoramente simples. E todas as regras estão na sua cara, só não vê quem é burro ou cego. Num game online vc:

-- não vai comprar um terreno (até pq vc é um guerreiro, vai comprar terreno pra q?) e depois descobrir que vai pagar uma tyer gigante (pq isso não estava muito bem claro no termo de serviço que vc aceitou), 

-- não vai vender uma armadura achada no campo de batalha e pensar que não vai pagar comissão pelo serviço de venda, pois quando a janela de 'manage your items' abre, está lá a indicação de quanto vc vai pagar e o valor NÃO É abusivo;

-- não vai pagar por uma conta premium (de duração no máximo de 3 meses renováveis ou não) sem que seus dados REAIS não sejam conferidos com a empresa de cartão de crédito, ou seja, vc é vc de verdade, é chamado pelo seu nome real, recebe e-mails da empresa de games e é respeitadíssimo como cliente por isso;

-- não vai pagar por itens e serviços premium sem ser muito bem esclarecido quanto vai gastar e quanto tempo vai durar o seu uso, pois os servidores têm capacidade finita e o lag deve ser mantido sob o mais férreo e severo controle -- ou seja, você sempre tem noção de que não vai ter os itens pra sempre.

-- não vai hiperlotar o seu inventário com inutilidades, pois a cada level que sobe, alguns itens perdem magia e vc se desfaz deles ou vendendo ou passando de graça para players de ranking inferior ao seu -- menos lag, servidores limitados, lembre! Afinal, vc tem de ter grana no bolso pras armaduras de batalha, mais caras e totally über power!

-- não vai abrir um ticket e ficar implorando pelo amor de Deus pra ser respondido quando puder, pois a resposta vem em menos de duas horas DA CORÉIA DO SUL (atenção, fuso horário de DOZE HORAS) e num inglês perfeito e muito gentil, sem perder a objetividade empresarial!

-- não vai ter ilusões, pois seu novo universo é povoado de moleques com média de 17 anos de idade, que jogam absurdamente bem e que quando vêem que vc é legal, adoram ficar ensinando pra vc os truques mais cretinos do jogo (afinal, eu sou a "tia" legal e super noob que  eles curtem e qualquer pessoa acima de 24 anos é considerado "tio/tia");

-- não vai ver dramas idiotas de quem comeu quem, quem chifrou quem ou quem roubou a idéia de quem, pois ali sua habilidade de fazer alianças, amigos e participar de grupos maiores (as Guildas de Guerra) é o que vai determinar sua sobrevivencia ou não. Tem os individualistas babacas? Tem, mas quando chegam no top ranking são obrigados a fazer alianças, senão não vão pra frente;

-- não vai ter ninguém te enchendo o saco pq vc matou esse alguém há 15 minutos atrás no campo de batalha, pois lá o bicho pega geral e é cada um por si -- depois vcs podem bater papo sobre vários assuntos maneiros pelo chat e ninguém vai abrir um blog pra ficar choramingando pitangas virtuais ou dando ataquinhos de pelanca sobre o quanto vc foi escrota em jogar ácido sulfurico na fuça dele justo quando ele estava pra vencer o embate.
(Mas que foi legal, foi! )  XD

-- Uma atualização: caso o player seja apanhado utilizando hacker (que é como eles chamam os programas piratas que "quebram as regras" e fazem com que o jogador evolua mais rápido do que o normal) não tem discussão, nem ticket, nem JIRA, nem porra nenhuma -- é sumariamente EXPULSO por IP, com o número registrado pra sempre e, se a empresa tiver mais de um jogo, o acesso para TODOS os jogos daquela empresa é completamente bloqueado. O jogador pode utilizar outra máquina, mas vai ter de recomeçar do zero absoluto pois a conta é sumariamente deletada, não tem shoyu, nem vela. E isso está clarérrimo nos Termos de Serviço.

Tem problemas de pessoas com pessoas? Tem, a maioria dos estrangeiros continua detestando os jogadores brasileiros, mas desta vez não por pirataria, mas jogarem bem X-D. Tem muita molecada sem noção, muito nerd sem noção, mas a coisa fica por aí. Saiu do jogo, ninguém leva ressentimento, pois é só um jogo.

E mais: eles estão na idade dos dramas, do exagero, da falta abosluta de noção, são adolescentes e saudavelmente se portam como tal. Não são como certas pessoas no Second Life, de qualquer nacionalidade, que são  o que chamo de "adolescentes com prazo de validade vencido" -- um bando de burros velhos se comportando de modo imaturo, fora de hora e, pior, sem o menor motivo concreto.

Pensando bem, os moleques de 17 anos têm alguma coisa a ensinar aos adultos, tão cheios de si e de suas pequenas frustrações do dia-a-dia. Nem tudo é pra levar pra fora do computador quando ele desliga. Pra essa turma ultra jovem e totalmente despreocupada, real life É real life e virtualidade É virtualidade.

E fim de papo.

"Madalena, tu não quer que eu volte!"

Não sei se vocês se lembram desse bordão, que pertencia a um personagem do Jô Soares chamado "Sebá, o exilado", que comentava a abertura política nos idos dos anos 80 no programa "Viva o gordo". Pois é, nesses dias de exílio voluntário do Second Life, Lucrecia, ela mesma meio bissexta porque viciou num joguinho de matar monstrinho (lamentável isso, eu sei), tem sido meu, digamos assim, "canal de informação" sobre o que anda acontecendo lá pelas bandas do Império Linden, que a cada dia me parece mais estar virando uma espécie de "Reino de Mordor" virtual.
Primeiro Lu me avisa que Philip Linden "is no more Linden CEO". Como assim, gente? O cara tirou o dele da reta? Ele avisou no fim do SL6B que ia mudar algumas coisas e nem tudo ia ser fácil... mas ele sair da empresa que fundou e ir para outra, também criada para o Second Life é sinal que tem sim algo de podre no reino da Dinamarca.
Até aí, morreu Neves enforcado no pé de couve... mas depois disso ela me avisa que as regras do SLxtreet também mudaram, e mudaram para prejudicar quem coloca freebies, além de garfar mais ainda quem usa a ferramenta para vender.
Eu não escondo que tenho uma imensa antipatia pelos "grandes criadores do SL". São eles que mantém blogs escrotos como aquele medonho shoping cart disco e que fazem bullying contra blogs como o freebie telegraph, que dava notícias sobre freebies bons e não-piratas. Pois é, criaturas como a Olivia Redgrave (eu acho que é esse o nome) que não pode ver UMA skin nova no mercado que logo acusa de pirataria - nem sempre com justiça, diga-se de passagem - têm um discurso todo prontinho sobre como os freebies "prejudicam os negócios" e de tanto repetí-lo conseguiram que o maior site de vendas para o SL adotasse uma política que não só desistimula como impossibilita que se coloque qualquer produto freebie lá sem prejuízo: para colocar um item free paga-se 99L e para cada compra, além da remuneração que passou de 6% para escochantes 20%, paga-se uma taxa de mais 3L.
Esse bando de cretinos, só assim dizendo, aderiu ao velho discurso de que "dar de graça prejudica os negócios". O que prejudica mesmo o negócio é burrice e má administração. A Genesis da Ryker Beck, que tem lindas skins, vende para caramba e é ultra generosa com gifts e freebies. Porque o item free dela permite avaliar a skin para valer. Desestimular a política da Ryker é desestimular a própria Ryker em favor dos mega monstros que acham que o SL é só deles.
As skins da Redgrave são carésimas e foram feitas a partir de fotos de pessoas reais - que não recebem um tostão por essa "pirataria de imagem". Se o SL ficar cada vez mais na mão desse tipo de "criador" vai ser o começo do fim, porque o catador de freebies enche o jogo, compra o que ele acha de fato bom e interage com muita gente. Se ele não tiver mais freebie para catar, vai embora por falta do que fazer e o jogo que já está sofrendo uma evasão grande vai ficar ainda mais às moscas.
Como se isso tudo não bastasse... ainda vejo que o Moda SL, que abrigou o freakshowroom, o pornosophy e o GodArt deve fechar, e muitos usuários que eu conheci também estão away. Lucrecia me diz ainda que Tiamat avisou que a Linden dissolveu o corpo de mentores, que agora não existem mais usuários voluntários credenciados pela linden para ajudar os residentes. Vocês ouviram bem; é cada um, por si, gente.
O que vai sobrar do SL para mim, gente? Às vezes me lembro do marcio Moo falando do desencanto dele e penso se não estou desencantando também. Não consigo ficar como aquele pessoal deslumbrado que acha que para tudo ficar lindo basta tirar meia dúzia de fotinhos, tacar no photoshop e bancar o artista. Como estudei história da arte na faculdade durante dois anos eu sei que um artista não se faz da noite para o dia, principalmente com discursos carregados de pedantismo.
Por mais que me recorde dos momentos legais e das risadas que dei graças ao SL, a cada ia sinto mais e mais que devo ser critica e enxergar que não estamos mais na fase de achar tudo lindo e maravilhoso. Mudou a relação da Linden com o usuário, mudaram as relações humanas no SL e cada dia mais acho que essas relações precisam evoluir de outra forma que não seja a de substituir tudo de real por algo mais lindo, perfeito e brilhante, porém virtual.